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Entre espaços para reflexões e rodas de amizades que já frequentei; Entre sambas de roda e maracatu atômico que já dancei; Entre ombros molhados e abraços ardentes que já me aconcheguei; Fico aqui somente a expressar minha liberdade que um dia aspirei. Sem fanatismos, sem preconceitos, sem restrições, sem medos... Este é meu/nosso espaço

terça-feira, 30 de junho de 2009

A ÚLTIMA PROFESSORA!


Estamos em 2989 e alguns cientistas, trabalhando nas ruínas de um sítio arqueológico (local outrora conhecido como Jacarepaguá)) encontraram uma mandíbula de mulher. Levada a laboratório, descobriu-se que ela pertencia a uma professora. Não uma professora qualquer, mas provavelmente a última da espécie classificada como de 1º Grau que viveu por volta de 2020 num antigo país chamado Brasil. No final do séc. XXI, o Brasil que conhecemos tornou-se uma aglomerado de tribos independentes expressando-se nos mais diferentes idiomas A descoberta do que ficou conhecido como a Professora de Jacarepaguá ( uma versão mais moderna do Homem de Neanderthal) tornou possível encontrar as razões da dissolução do pais. Buscando nos livros, os cientistas perceberam que houve uma época – entre o início do séc. XX e meados dos anos 50 – em que professores desse extinto país ocupavam uma posição invejável na escala social. As famílias monogâmicas das classes médias (e algumas altas) orgulhavam-se de poderem encaminhar suas filhas para a profissão. Casar com uma professora era a aspiração suprema de muitos homens. Elas eram olhadas com respeito, admiração e desfrutavam de um status semelhante aos dos militares. Reconhecidas na sua missão histórica de educar, recebiam – acreditem – um salário que chegava ao final do mês. Alguns iam além. Não se sabe precisar a data, mas parece que foi no final dos anos 70 que o magistério começou a desabar na escala social. Por mais que quebrem a cabeça, nossos cientistas não conseguem entender as razões dessa queda vertiginosa. Não terá sido por falta de escolas, porque o país esforçava-se para entrar na modernidade e necessitava ampliar sua rede escolar. Não terá sido também por falta de quem educar porque esse atrasado país somava mais de 50 milhões de analfabetos e semiletrados no início dos ano 90. Muito menos pela possibilidade de substituir professoras por robôs, televisores e computadores. Por que então o magistério passou a ser tratado como os servos do antigo Egito? A princípio suspeitou-se que esse povo atrasado e tropical tivesse uma caixa craniana inferior à das raças desenvolvidas. Mais tarde encontraram-se outras razões para o declínio do magistério: um complô contra a Educação, criado pela classe dominante(10% da população) que detinha mais de 50% da renda nacional. Não interessava a ela ver o saber democratizado ou seus privilégios estariam ameaçados. Os professores despencaram para os últimos lugares da tabela econômica, equiparando-se nos profissionais (não especializados) mais mal pagos desse triste país. Alguns, ganhando salário-mínimo, recebiam menos que os operários que ajudaram a levantar os Jardins Suspensos da Babilônia. O resultado é que a partir do início do século XXI, o professorado tornou-se uma espécie em extinção. Documentos da época informam que quando uma jovem anunciava o desejo de ser professora a família a colocava de castigo. Era preferível ganhar a vida como chacrete em programa de auditório. Os cientistas pesquisaram o desaparecimento de outras atividades nesse país: funileiro, cocheiro, acendedor de lampiões. Ocorre que esses profissionais foram engolidos pelos avanços da civilização. No caso dos professores não há progresso nem tecnologia capaz de substituir sua presença. É a professora quem nos leva pela mão na travessia para as primeiras letras. É ela quem nos coloca no ponto de partida e com uma palmadinha no traseiro parece dizer:”Agora vai à luta”. Segundo os cientistas, os governos da época, preocupados com questões mais transcendentais, não perceberam a escassez de professores no mercado. Foi preciso que as escolas começassem a fechar e os donos das escolas particulares esperneassem desesperados, para o Governo tomar providências. Que providências? Importar professores, como fez com o álcool. No início dava-se preferência a Portugal e as ex-colônias. Mas eles também tinham suas crianças para educar, de modo que o Governo teve que recorrer ao Paraguai, Bolívia, Guianas. Logo os países desenvolvidos – que já dominavam a cultura desse País – perceberam o alcance do negócio e trataram de enviar, gratuitamente, bandos de professores às escolas brasileiras. O país tornou-se uma Babel. Em algumas regiões ensinava-se em japonês, em outras, em alemão ou inglês, ou italiano ou espanhol. Apenas uma única escola, em Jacarepaguá, uma professora resistia, ensinando os alunos em português. Sua morte tornou-se um marco na história da Educação nesse país. Foi enterrada com honras de herói nacional e o monumento ao “Professor Desconhecido”, erguido no antigo Centro da Cidade, reproduz seu rosto na figura principal. Ao pé do monumento, os dizeres: ” A última professora brasileira, homenagem dos seus ex-alunos.” Foi a última frase que se escreveu nesse país em português. ( O DIA – 02/12/90) - Carlos Eduardo Novaes -

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Minha Cultura é Popular e Brasileira!!


"Com a força de um seguir esquecido de querer ser e de existir eu digo 'minha cultura é popular e brasileira'
Sem medo de rir, de seguir e de sentir. Eu canto, eu grito e confirmo que 'minha cultura é popular e brasileira'
No meio dos 'arrasta pés' e frevo, dos dançados de sangue negro, de norte a sul do meu país, não hesito em clamar que 'minha cultura é popular e brasileira'
Olho para a pintura no corpo daquele que carrego o sangue.
Olho aquele alvoroço no mês das 'cinzas'
Olho a cor que define 'o ser' aos olhos da sociedade
Olho a fumaça com olhos vermelhos e ouço os ritmos entusiasmantes nos juninos
Sinto o calor da diversidade
E me orgulho em dizer que 'minha cultura é popular e brasileira'" (PAES, Ana Patrícia, 2009)